sexta-feira, 26 de março de 2010

Diabetes Melito tipo 1, Hipoglicemia e Síndrome de morte súbita no leito

A síndrome denominada de morte súbita no leito ou como originalmente descrita no idioma inglês Dead in Bed syndrome foi descrita pela primeira vez em pacientes com diabetes melito tipo 1 em 1991 pelos pesquisadores Tattersal RB e Gil GL. Essa entidade clínica caracteriza-se por morte súbita no leito durante a noite em indivíduos jovens com diabetes melito tipo 1. Normalmente, esses pacientes são encontrados mortos no leito sem qualquer sinal de violência física ou de envenenamento que pudesse ser suspeitado como causa da morte. De comum entre eles, os familiares referiram vários episódios prévios de hipoglicemias graves. Inicialmente, como causa dessas mortes foi levantada à hipótese de taquiarritmia ventricular precipitada pelas hipoglicemias graves noturnas, principalmente em pacientes com sinais clínicos sugestivos de neuropatia autonômica cardíaca.
Mais recentemente, foi demonstrado em pacientes com diabetes melito tipo 1 monitorados por meio de eletrocardiograma que durante os episódios de hipoglicemias graves ocorre aumento do intervalo QTc. É bem sabido que essa alteração eletrocardiográfica está relacionada à taquiarritmias ventriculares. Além disso, os fenômenos hipoglicêmicos graves estão associados à liberação excessiva de catecolaminas e em muitos casos, também evoluem com diminuição do potássio sérico. Essas alterações bioquímicas podem potencializar o efeito arritmogênico ventricular relacionado ao prolongamento do intervalo QT.
Para melhor entendimento dessa síndrome, é evidente que faltam evidências consistentes e mais estudos dirigidos para que possamos associar os fenômenos hipoglicêmicos graves e a disfunção autonômica cardíaca como desencadeantes de taquiarritmias ventriculares e conseqüentemente à morte súbita durante a noite.
Na prática, os médicos assistentes e os familiares dos pacientes com diabetes melito tipo 1 devem estar atentos em relação a episódios de hipoglicemias graves noturnas, principalmente em indivíduos com diabetes de longa duração, não controlados de maneira adequada e com concomitância de alguns sinais clínicos sugestivos de neuropatia autonômica, tais como taquicardia de repouso, gastroparesia, hipotensão postural, síncopes e outros.
Por Dr. Antônio Carlos Pires.
Fonte: www.diabetes.org.br

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