domingo, 7 de fevereiro de 2010

Diabulimia - Entrevista com a endocrinologista Ada Letícia Murro, da Unicamp

Adolescentes e mulheres adultas excessivamente preocupadas com o peso e a aparência física muitas vezes reduzem as doses de insulina necessárias para o controle do diabetes e, com isso, aumentam suas chances de desenvolver alguma das complicações da doença, como a retinopatia diabética, a nefropatia, doenças cardiovasculares e outros problemas. Quem explica por que isso acontece e como lidar com a questão é a endocrinologista Ada Letícia Murro, do Ambulatório de Transtornos Alimentares da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas.

Ada Letícia Murro - "Diversos estudos mostram que entre 15% e 40% das adolescentes e mulheres adultas omitem doses de insulina com o objetivo de evitar ganho de peso. Essa prática é considerada um transtorno alimentar específico do diabetes, chamado de diabulimia. O tratamento do diabetes, por exigir que o paciente se preocupe com a alimentação e com a prática de atividades físicas e por depender de atenção a horários e regras que se repetem diariamente, pode vir a reforçar comportamentos perfeccionistas de alguns pacientes e predispor ao surgimento de um transtorno alimentar.

Os estudos realizados com pacientes que omitem doses de insulina também revelaram que o excessivo cuidado com o corpo e com o peso está mais comumente presente em adolescentes cujas mães têm a mesma preocupação. As mães demonstram, muitas vezes de forma inconsciente, preocupação com o peso da filha e isso pode despertar na filha medo exagerado de ganho de peso, desencadeando prática de dieta inadequada e diminuição da dose de insulina.

O médico deve estar atento à ocorrência de casos como esses e recomendar que a paciente, e também sua família, passem por uma terapia psicológica e, em alguns casos, psiquiátrica. Mesmo quando o transtorno alimentar é leve, a terapia psicológica é recomendável."
 
Fonte: www.portaldiabetes.com.br

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