Alguns portadores de diabetes, quando recebem a indicação de seu médico de que precisam passar a utilizar insulina, têm receio de dar início a um procedimento que acabe por "viciar" seu organismo. A insulina não vicia, explica a endocrinologista Helena Schmid, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Em muitos casos, seu uso é transitório e serve para resolver situações temporárias. "Não existem dados que mostrem que o uso de insulina possa transformar-se em vício. No passado, quando se usava insulina produzida a partir de material proveniente do boi ou porco, houve casos raros de detecção de anticorpos desenvolvidos pelo paciente que levavam à necessidade de aumento de dose porque ele desenvolvia resistência a essa insulina. Hoje, com as novas insulinas, isso não ocorre mais. Algumas pessoas com diabetes podem precisar substituir os medicamentos orais por insulina em diversas circunstâncias, como a realização de uma cirurgia ou um quadro de comprometimento do fígado ou dos rins, que interfere no metabolismo desses medicamentos ou na sua excreção, o que acaba aumentando a quantidade desses medicamentos em circulação no sangue e consequentemente sua toxicidade. Isso pode acontecer, por exemplo, durante uma hepatite ou por insuficiência renal. Depois de passada a circunstância que levou à troca do medicamento oral pela insulina, esse paciente pode voltar a utilizar os medicamentos orais sem problemas, o que mostra que a insulina não "viciou" seu organismo. O uso da insulina é benéfico, também, quando o pâncreas recebe a informação constante de que a glicemia está muito alta e deixa de produzir insulina. Ao passar para injeções de insulina, a capacidade desse órgão de produzir insulina é restituída e nesse caso, igualmente, a pessoa com diabetes pode voltar a utilizar os medicamentos orais. Outra circunstância em que a troca do remédio oral por insulina é recomendada é a de surgimento de uma alergia a medicamentos. Nesse caso, é necessário suspender a medicação oral até que se estabeleça qual dos medicamentos está desencadeando o processo alérgico. Depois dessa definição, é possível voltar à medicação oral ajustada a esse paciente. Alguns pacientes podem imaginar que a insulina crie dependência porque as doses tendem a ser aumentadas com o tempo, mas isso é esperado e se adequa à evolução natural do diabetes. Isso acontece, porém, não porque o organismo tenha ficado viciado, mas porque o diabetes é uma doença progressiva ou porque o paciente teve ganho de peso. Contudo, até no caso de ganho de peso, a dose pode voltar a ser reduzida caso ele venha a emagrecer." Fonte: http://www.diabetesnoscuidamos.com.br/gente_duvida_mes.aspx?id=707 |
Publicado como suplemento do periódico Diabetes Care de janeiro de 2010, o protocoloStandards of Medical Care in Diabetes diz que o exame da hemoglobina glicada (A1C) passa a ser recomendado como meio diagnóstico do diabetes mellitus e identificação de casos depré-diabetes. Este exame é recomendado há anos para verificar como está o controle dos níveis glicêmicos de pacientes diabéticos ao longo do tempo, mas até então não era considerado um critério diagnóstico da doença.
Ao contrário de muitas doenças crônicas, o diabetes tipo 2 pode ser prevenido com mudanças no estilo de vida, enquanto os níveis glicêmicos encontram-se no estado de pré-diabetes.
A A1C é medida em porcentagem. O exame faz a média dos níveis glicêmicos ao longo de um período de cerca de 3 meses. Uma pessoa sem diabetes pode ter uma A1C de cerca de 5%.
Pelas novas recomendações, as quais são publicadas anualmente para refletir as mais novas pesquisas científicas, valores de A1C entre 5,7 e 6,4 % indicam que os níveis glicêmicos estão no estado de pré-diabetes. Isto significa que estão acima do normal, mas ainda não tão altos para fazer o diagnóstico dediabetes mellitus. Este diagnóstico é feito com níveis de A1C iguais ou superiores a 6,5%.
A American Diabetes Association recomenda que a maioria das pessoas com diabetes deve manter os níveis de A1C igual ou abaixo de 7% para um controle adequado desta patologia. As pesquisas mostram que o controle da glicemia ajuda a prevenir sérios danos à saúde relacionados ao diabetes, como doenças renais, danos aos nervos, doenças da retina (retinopatia diabética) e doenças cardíacas.
A A1C vai se juntar a dois outros testes diagnósticos prévios, a glicemia de jejum e o teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Ambos exigem horas de jejum para coleta do sangue a ser examinado. Já a A1C não necessita de jejum prévio, aumentando a disposição para a realização do exame e reduzindo o número de pessoas que têm diabetes tipo 2 e não estão recebendo o diagnóstico. O diagnóstico precoce pode fazer uma enorme diferença na evolução do diabetes mellitus e na qualidade de vida dos portadores desta condição.
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